Querido
filho, descobri que mãe é um estado irreversível. Depois que o gestei, nunca
mais voltarei a ser quem eu era antes, mesmo que não estejamos fisicamente
juntos. Entendi que a maternidade começa com o estímulo que o filho cria na
mulher, ao requisitar que ela se provenha dos sentimentos necessários para
recebê-lo e ampará-lo. Mas, quando esse processo interno é disparado, ganha
autonomia e segue uma direção própria, que nem a ausência do filho pode mais
interromper ou fazer regredir.
Independentemente
de poder ou não colocar você no meu colo, ainda tenho um grande motivo para
festejar: o fato de você ter despertado dentro do meu coração o amor mais puro
que já senti e que continua me acompanhando após sua partida. Esse motivo
sozinho é suficiente para preencher uma existência inteira.
Que honra poder
criar uma vida e sentir o impulso de nos aperfeiçoarmos, para oferecer ao filho
algo além de tudo o que já possuímos. Mãe gera, alimenta, protege, ensina, apoia,
zela, defende, cuida... Enfim, ninguém poderia ganhar um tesouro maior do que a
chance de exercer tarefas tão sublimes. Deus é realmente formidável! Que ideia
genial essa que Ele teve de emprestar seus filhos para que, através da
transitória experiência de sermos filhos uns dos outros (sem deixarmos de ser
todos filhos Dele), possamos conhecer a Sua imensa felicidade! Sou grata a Deus
por ter me dado essa inigualável oportunidade, e também a você, que foi o
veículo por meio do qual pude aproveitar o divino presente que se encontra à
disposição de todos aqueles que desejarem desempenhar a função de estagiário no
cargo de Criador.
Os
benefícios da maternidade são tão vastos, que eu gostaria de poder enviar um
recado aos meus semelhantes, afirmando que não há nenhuma razão para ter medo.
Os filhos jamais nos causarão danos. Eles podem, sim, nos trazer, muitas vezes,
desassossego e cansaço devido aos intensos trabalhos mentais que precisaremos
realizar para lhes dar educação, e também para aceitar a possibilidade de
morrerem antes de nós. Um filho travesso obriga seus pais a desenvolverem a
tolerância, um filho introvertido compele seus pais a cultivarem a discrição, um
filho ingrato força seus pais a adquirirem confiança em seus próprios valores,
um filho que morre antes de seus pais lhes impõe a necessidade de combater o
egoísmo. De modo que todos os sofrimentos que porventura venhamos a suportar
por causa de um filho nunca serão prejuízos, mas apenas episódios com o
potencial de corrigir nossos defeitos e aprimorar nossas virtudes.
Você
foi embora rápido e, por ter se despedido tão cedo, mostrou-me
muitas coisas que eu precisava superar e aprender. Que generosidade a sua ter ficado aqui por um
curto período, mas ter deixado para mim um bem permanente. Você me transformou numa
pessoa mais forte.
Um beijo afetuoso da mamãe,
Flavia Camargo.
www.facebook.com/quatroletrasflaviacamargo |
Perfeita sua descrição. Para nós que perdemos um filho faz ainda mais sentido td isso.
ResponderExcluirVou compartilhar no meu face e se não tiver problema, quero compartilhar no meu blog.
Www.Manuelameuanjinho.blogspot.com.br
Um grande bjo, fique com Deus.
Pode compartilhar, querida. Só peço que faça referência ao livro e autora. Beijos!
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